JOSÉ , HOMEM ESCOLHIDO POR DEUS

Um feixe de galho seco foi colocado embaixo de outro feixe de galho seco; que havia florescido. Nestes galhos estavam escritos os nomes de todos os homens da Casa de Davi. Estes feixes foram colocados sobre a mesa com todo cuidado por um Levita. Tocaram uma trombeta... Entra o Sumo Sacerdote com os anciãos. O Sacerdote se aproxima da mesa e fala: “- Vós homens da Casa de Davi, vós estais reunidos aqui por causa do meu chamado. Escutai – O Senhor falou, Ele seja louvado. De Sua Glória desceu um raio, e como o sol da primavera, ele deu vida a um galho seco; e milagrosamente ele floresceu. Neste tempo nenhum galho floresce. Deus falou e tornou-se Pai e Protetor da Virgem Davi. Moça santa, a glória do Templo e da Tribo de Davi. Ela mereceu e através da Palavra de Deus, o nome do esposo que ao Eterno é agradável foi escolhido. É um justo escolhido para protetor da Virgem querida por Deus. Assim confiamos com toda certeza a Virgem sobre a qual repousa a benção de Deus, àquele que foi destinado por Ele. O nome do esposo é José, filho de Jacó de Belém, da Tribo de Davi; ele carpinteiro de Nazaré-Galiléia. José! Disse o Sumo Sacerdote, venha cá, te ordeno.” José aproximou-se e com todo o respeito saudou o Sacerdote.

Prosseguiu o Sacerdote: ”-José a esposa que Deus te dá é pobre, mas rica em virtudes... Sejas sempre digno dela... Não há outra flor em Israel tão amável e pura como ela. Maria irá confessar um voto à você. Ajudai-a, seja bom esposo”. José respondeu: “-colocar-me-ei ao serviço dela e nenhum sacrifício será demais para mim.”

Maria entrou e o Sumo-Sacerdote disse: “-Eis o esposo que Deus escolheu para ti. Deus os abençoe e cuide de vós, Maria, agora você voltará para Nazaré com José de Nazaré”.

Entre os Judeus, o matrimônio constava de dois atos essenciais, separados por um período de tempo, eram eles: os esponsais e as núpcias. Os esponsais não eram uma simples promessa de união matrimonial futura: constituía já um verdadeiro matrimônio. O noivo depositava o dote nas mãos da mulher, e a isso se seguia uma bênção. Apartir desse momento, a noiva recebia o nome de esposa de... Baseado em alguns escritos, foi assim que aconteceu...

José estava ao lado de Maria e lhe disse: “Neste tempo pensei sobre seu voto e quanto mais penso sobre ele, mais entendo que só a minha decisão não basta, eu ainda não mereço a escolha de Deus, mas sinto uma coisa e isto ao menos me faz entender as principais. Sou homem pobre, sem muita formação, sou um pobre carpinteiro, mas me coloco aos teus pés; para sempre te entrego a minha castidade absoluta, isto para ser digno de viver ao seu lado. Tú Virgem de Deus, minha “irmã, esposa, jardim selado, fonte lacrada” (Cânticos 4,12). Serei guardião desse jardim perfumado no qual se encontram os mais belos frutos. Fonte que jorra água viva: Tua realeza, ó esposa, tu que com tua pureza conquistou minha alma, tu , mais bela que a aurora da madrugada. Tu brilhas porque teu coração brilha. Tu, que é o Amor perfeito para teu Deus e para o mundo; tu que queres com teu sacrifício dar o Redentor, como mulher. Venha meu amor!”. José toma Maria pela mão e a leva até a porta.

Entra então o sumo sacerdote, vestido festivamente. (Ler Tobias 7,15-16).

E, tomando a mão direita de Maria, pô-la na de José, dizendo: “Que o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó, esteja convosco; que Ele vos una e derrame sobre vós a Sua Bênção. Ele lhes dê a paz e boa descendência, longa vida e morte abençoada.”

Os esponsais de José e Maria tiveram lugar em Nazaré. Eles chegaram em Nazaré. José toma Maria pela mão e entram em casa. Mas antes de entrar na casa, José fala: “-Maria, agora nesta soleira quero uma promessa sua, tudo que necessitar ou acontecer contigo, que você não tenha outro amigo ou ajuda; procure só a mim. Tu jamais deve fazer algo ou sentir-se sozinha. Estou sempre pronto para ti, e será minha alegria, poder servir-te. Quero fazer-te feliz em seu caminho e mesmo que a felicidade na terra nem sempre está sobre nosso alcance ao menos quero que sintas segura e tranqüila... tens a minha promessa.”. E, na despedida José ainda disse a Maria: “- Lembra-te que prometestes que em cada questão virás a mim.”.

José retorna para sua casa.

Segundo o costume vigente, decorria um ano entre os esponsais e as núpcias, e foi nesse meio tempo que a Virgem recebeu a visita do Anjo e que o Filho de Deus se encarnou no Seu Seio. (Mateus 1,18).

Duraram dias a provação de José e a dor de sua alma era grande, foi dolorosa a primeira Passio de José e Maria; ninguém podia entender a santidade dela. Como um barco numa tempestade encontrava-se José, aparentemente ele era um homem traído, ele viu seu bom nome e respeito cair ao chão; pela traição ele viu o amor e respeito de Maria, mortos pela realidade. Embora Maria soubesse da dor de José, ela não podia livrá-lo por causa da obediência à Vontade de Deus que falou: “Silencia-te”.

José homem de bem, não querendo difamar publicamente Maria (Mateus 1,19), decidiu em seu coração deixá-la secretamente. Maria não duvidou, ela esperou, rezou e perdoou para receber a graça da intervenção de Deus a seu favor. Maria sofreu por causa dos sofrimentos de José, também as queixas que ele poderia fazer a ela não a perturbaram, ela tinha medo é que ele faltasse contra a caridade.

Mas, quando na provação atormentou a suspeita de José, ele sofreu como homem e como servo de Deus. Viveu a provação para que se tornasse servo de Deus. Um Anjo do Senhor disse-lhe: “-José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela foi concebido é Obra do Espírito Santo” (Mateus 1,20; Lucas 2,5).

O Anjo ainda disse: “Deixai ao Senhor a preocupação de vos proclamar como Seus Servos”.

José mostrou sua fé quando acreditou cegamente nas palavras do mensageiro celeste. Ele só pediu a Deus que pudesse acreditar porque tinha convicção que Deus é bom. José “converteu-se em depositário do mistério escondido desde o princípio dos séculos em DEUS” (Efésios 3,9).

Quando o casto José soube que o Filho que Maria trazia em seu seio era fruto do Espírito Santo, que Ela seria Mãe do Salvador, ele a recebeu em todo mistério da sua maternidade junto com o Filho que havia de vir ao mundo. E assim amou-a mais do que nunca, “não como um irmão, mas com amor conjugal, limpo, tão profundo, amor tão delicado que o converteu não só em testemunha da pureza virginal de Maria- virgem antes do parto, no parto e depois do parto, como ensina a Igreja-, mas transformou-se também em seu guardião”.

Nisto a santidade de José resplandeceu mais que a de Maria. Maria deu este testemunho de amor como mulher, quer ela que amemos o seu José, homem bom, paciente, intimamente ligado a Redenção. Porque ele sofreu a dor do segredo e sacrificou a si mesmo. José salvou o Salvador ao preço de seu sacrifício e sua santidade.

JOSÉ era santo, seu espírito puro viveu em Deus, seu amor era fervoroso e forte. E este amor salvou para nós o Redentor porque ele não se queixou aos anciãos, sobre Maria.

JOSÉ é também nosso modelo, pois também nós temos a passio para sofrer por causa dos nossos pecados. Devemos ser como Maria esperar sem medida, rezar sem desconfiança, perdoar para receber perdão. O perdão de Deus vai ser a paz e a alegria que nós ansiamos.

JOSÉ, Virgem por causa da Virgem, cuidou de sua esposa com extrema delicadeza e ternura. Maria amou José com amor intenso e puríssimo de esposa. Conheceu-o bem, e deseja que procuremos apoio e fortaleza nele. Em Maria e José, os esposos têm o exemplo perfeito do que devem ser o amor e a delicadeza. Neles encontram também a imagem perfeita, os que entregaram a Deus todo o seu amor; seja na família, num celibato apostólico ou na virgindade vividos no meio do mundo.

JOSÉ, homem justo (Mateus 1,16), ilustre descendente de Davi, luz dos patriarcas, esposo da Mãe de Deus, varão feliz.

JOSÉ, homem trespassado pela sabedoria que é o Sopro da Força de Deus (Sabedoria 7,22-27), aquele cuja alma foi instruída por Deus para ser fiel guardião de Jesus e de Maria, move-se com espírito seguro neste mar de segredo de graças que é Maria. A Santíssima Virgem não privou José da perfeição, alegria e consolo que Ela possuía. Era bondosíssima e pela presença de Cristo e dos Anjos, gozava de alegrias ocultas que só comunicou ao seu amadíssimo esposo. José se interiorizava em Maria, mais que com os lábios, os dois falavam com o coração e assim, mediante esta comunicação espiritual, a Mãe intacta cumpria o preceito do Senhor de serem dois numa só carne.

A Sabedoria de JOSÉ, homem justo, aumentou com a vida junto à Cheia de Graça... a sabedoria o fez penetrar mais profundamente nos Segredos de Deus, em Maria; assim Maria fez do justo um santo e do santo um protetor, fundamento e alicerce seguro no qual se apoiaram a Santíssima Virgem e o Filho de Deus.

JOSÉ foi santo e a sua santidade consistiu, principalmente, em preservar a virgindade de Maria. Sem afastar o selo de Deus, o casto José transformou em heroísmo angélico sua castidade. Ele podia ler as palavras de fogo, escritas com o dedo de Deus sobre o diamante virginal... José lê que a prudência deve ser maior do que a que Moisés escreveu na tábua dos Mandamentos (Exodo 24,12; Deuteronômio 4,13.5,22.10,1-5) e nenhum olho profano revela este segredo.José é colocado como selo sobre o selo e está como Arcanjo de fogo na beira do Paraíso. Ele amou Maria com o amor mais puro e delicado, contraiu com a Santíssima Virgem um verdadeiro matrimônio, mas santo e virginal.

Lemos em Levítico 16, 2-4, que verdadeiramente José entrou quando Deus quis e quanto Deus quis em Seu Santuário. Ao lado do Véu que cobre a Arca sobre a qual paira o Espírito de Deus, ele se sacrifica e sacrifica o Cordeiro pelos pecados do mundo, e em expiação deste , ele se colocou no serviço de Deus.

JOSÉ era grande aos olhos de Deus. Suas virtudes por vezes ocultas aos olhos dos homens eram sempre resplandecentes aos olhos de Deus. As qualidades presente nele, às vezes não eram valorizadas por aqueles que só vivem na superfície das coisas e dos acontecimentos. É hábito freqüente dos homens entregarem-se totalmente às coisas exteriores e descuidarem das interiores; aceitarem a aparência e desprezarem o que é efetivo e sólido. Preocuparem-se muito com o que parecem e não pensarem no que devem ser. As virtudes que se apreciam são essas que entram em jogo, nos negócios e no comércio dos homens; pelo contrário as virtudes interiores e ocultas de que o público não participa, em que tudo se passa entre Deus e o homem, não só não se seguem como nem sequer as compreendem. E, no entanto é nesse segredo que reside todo o mistério da virtude verdadeira. JOSÉ, homem simples, procurou a Deus; José, homem desprendido encontrou Deus; José, homem retirado, gozou de Deus.

JOSÉ, homem de vida simples, sem especial relevo humano era grande aos olhos de Deus, era grande através do sacrifício, de sua paciência, de sua perseverança, de sua humildade, de sua simplicidade, de sua justiça, do seu amor excepcional alimentado na vida diária por sua fé e pela esperança. Louvor seja ao Pai Nutrício, ele é um exemplo para aquilo que nos falta: pureza, fidelidade, amor e caridade perfeita. Louvor a ele que soube ler o Livro selado, que se deixou ensinar pela sabedoria para entender os segredos da graça, que foi escolhido por Deus para proteger e defender Maria e o Menino Jesus, contra todos os embustes e armadilhas de todos os inimigos.

JOSÉ era efetivamente um homem comum, em quem Deus confiou para realizar grandes coisas. O conhecimento da chamada, a grandeza e a gratuidade da graça recebida confirmaram a humildade de José.

JOSÉ, homem de ações simples, cotidianas, puras e irrepreensíveis, que refletem a sua santidade e o seu amor, e que devem ser o espelho em que nos olhamos, já que devemos santificar a vida normal, como o Santo Patriarca.

Disse o Papa João Paulo II (em sua exortação apostólica, Redemptoris Custos, 15.08.1989,24): “– trata-se em última análise da santificação da vida quotidiana; que cada qual deve alcançar de acordo com o seu estado, e que pode ser fomentada segundo um modelo acessível a todos:” “- São José é o modelo dos humildes, que o cristianismo eleva a grandes destinos. São José é a prova de que para sermos bons e autênticos seguidores de Cristo, não necessitamos de grandes façanhas, mas somente das virtudes comuns, humanas, simples, mas verdadeiras e autênticas” (Paulo VI, Alocução, 19.03.1969)