A HIERARQUIA CELESTE

Não há relação nenhuma entre os anjinhos rosados das nossas igrejas barrocas representados pelas habituais imagens sentimentais e os grandes e poderosos Anjos de Deus. Cada Anjo é imagem de Deus, é uma expressão de Força, do Poder e da Soberania de DEUS sobre toda a criação. O Passo de um Santo Anjo é capaz de desfazer a terra. Cada Coro está bem proporcionado e pleno de harmonia, e estão voltados para o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Nós homens podemos compreender melhor os nossos bons Anjos da Guarda, do nono Coro, que são tão pacientes e fiéis, e os quais sentimos invisíveis à nossa volta, quando nos exortam e por todas as maneiras nos ajudam. Cada Coro dos Santos Anjos é de uma maneira especial perceptível por um dos nossos sentidos, é bom saber isto, assim, podemos compreender melhor o nosso Anjo da Guarda e aqueles que nos foram dados por causa de uma tarefa especial.

Devemos ajoelhar-nos muito humildemente, para que conduzidos pelo nosso Bom Anjo da Guarda, possamos contemplar a ajuda dos Santos Anjos dos Coros Angélicos.

A Sagrada Escritura fala de nove Coros dos Anjos Beatos (Santos Anjos).

Os grandes Santos Anjos são para nós o Evangelho escrito ao céu. A celeste hierarquia é como um livro que nunca se pode terminar de ler e cuja beleza e sabedoria jamais pode ser exauridas. Cada um dos Anjos, na sua posição dentro da hierarquia celeste, está ligado aos outros Anjos, tanto para cima como para baixo, para a esquerda como para a direita.

O Círculo Superior, o da Adoração de Deus Uno e Trino, é formado pelos Mensageiros Superiores entre Deus e toda a Criação, são os três Coros: os Serafins, os Querubins e os Tronos. Encontrando-se na maior proximidade de Deus por eles atingível, estes três Coros são alimentados por um fluxo de graças, que sai de Deus e se derrama sobre eles e os respectivos Coros dos outros círculos, e que corresponde exatamente à particularidade de cada Coro.

NO fluxo da graça da Vida encontram-se os Anjos da Vida, que são coordenados aos pensamentos da Criação e da Aliança e, desta maneira, a Deus-Pai. São eles: Os Tronos; os Principados e os Anjos.

NO fluxo da graça do Verbo, da Fortaleza, encontram-se todos os Anjos do Verbo, coordenados ao Filho, à Igreja, ao combate. São eles: Os Querubins; as Potestades e os Arcanjos.

NO fluxo da graça do Amor encontram-se, pela mesma maneira, todos os Anjos do Amor, coordenados ao Espírito Santo, ao Amor de Deus e à santificação dos homens. São eles: Os Serafins; as Dominações e as Virtudes.

Os Serafins são os espíritos criados mais elevados, são também os superiores dos segredos do Amor. Eles refletem o Deus Uno e Trino com a maior clareza, pois são três e, contudo, um só. Refletem a Deus para dentro e para fora, são percebidos por nós no conceito do horizontal, flamejante e móvel, pois estão em movimento vivo e ininterrupto, não se afastando, no entanto, de Deus. Na criação são o mais elevado reflexo meramente espiritual do incompreensível Amor, que incessantemente brota do Coração de Deus.

Os Querubins são os Anjos da Força, da Palavra; é unicamente Força, força de inteligência e força de atração, força de propulsão, de expansão e de adesão. São percebidos por nós no conceito da cruz; da linha vertical; das chamas, pois se parecem com labaredas chamejantes para o alto; e com espadas zunindo para baixo.

Os Tronos trazem os pensamentos criadores de Deus e executam-nos. Para todos os lados estão ancorados em Deus e na Criação. Os percebemos melhor através do conceito estático de tronos, estão fixos no seu lugar, são essencialmente estáticos; também são semelhantes a catedrais e a colunas gigantescas; seus braços se parecem com imensos batentes de ouro que recolhem a Vida, que, saindo de Deus, corre sobre Sua face como água e fogo, como luz e ardor, e que eles, pela graça de Deus, sustentam e transmitem; com toda a força; à criação o divino “Faça-se!”.

O Círculo Médio, o da Ordem de Deus, compreende os Anjos no espaço da criação, onde exercem cargos de administração. Este círculo é formado pelos mensageiros entre Criação e homem, são os três Coros: Dominações, Potestades (Poderes), Principados (Príncipes). E cada um destes Coros está mais uma vez dividido por três. A parte superior do Coro está no serviço do Pai, a parte média, que é selada, no serviço do Filho, na força reprimida da loucura da Cruz e em contrariedade refreada, e a parte inferior serve ao Espírito Santo e à Sua ação. Além disto, revela-se nestes Coros a imagem da casa de Deus na criação, representada por quatro Pilastras (Deus Santo, Deus Sábio, Deus Onipotente, Deus Justo), formada pelos quatro Anjos, mais poderosos de cada parte.

As Dominações são percebidas por nós de melhor modo através do senso estético, do aroma e do perfume; eles levam o Amor Criador, a Luz Divina, a Graça e a Sabedoria, a Bondade e a Justiça, o Santo Espírito de Deus para dentro de toda a Criação.

As Potestades os percebemos melhor através da pressão, da tensão, pois eles sustentam toda a tensão, existente entre Criador e criatura, como energia de vida, lei da natureza, polarização, construção, evolução e decomposição, como vontade de Deus; elas levam o Verbo para a criação, para a Igreja, para o Tempo Final.

Os Principados sustentam a vida visível em sua santificação por Deus, em seu caminho para Deus, são os administradores de toda a vida, colocados nos pontos de sua missão por Deus Pai. Os reconhecemos de modo melhor por nosso entendimento dos campos de administração, pois eles são administradores, regentes.

Os três Coros Médios: e Dominações, Potestades Principados, compartilham na administração da criação inteira. Conduzem as três correntes de graça, recebida dos Coros Superiores, e os espalham por todos os lados.

O Círculo Inferior engloba-se em redor do espaço da Encarnação e da Obra Redentora de Cristo, e por isso, em primeiro lugar, à Santa Igreja, à missão dos Anjos da Guarda, ao combate contra o adversário infernal. Este círculo é formado pelos Mensageiros entre homem e Deus, são os Três Coros: Virtudes, Arcanjos, Anjos. Quanto mais perto estiverem do homem, tanto mais claramente se manifesta a sua imagem e tanto mais compreensível a sua tarefa.

As Virtudes são antes de tudo Anjos do Amor. A sua missão particular consiste em receber e distribuir por toda a humanidade os fluxos de graça, que do trono de Deus, correm sobre os dois círculos da Adoração e Onipotência de Deus, para entrar no círculo da Encarnação. Os percebemos de modo melhor por nosso sentir. São os Anjos que tem o encargo de dilatar os corações dos homens para o amor, de alargar nosso sentido para a esperança, alargar nosso espírito para a fé, alargar a nossa compreensão para a Santa Igreja Católica. Até ao ponto de estarem capazes e prontos a receber estas graças.

Os Arcanjos são Anjos do Verbo, eles têm o mais numeroso parentesco com os Anjos. Os percebemos de modo melhor pela visão. São sete os Anjos que afiam e guiam nosso olhar espiritual para que reconheçamos os ataques do mal e também nosso caminho para Deus.

Os Santos Anjos são Anjos da vida, os mais próximos da humanidade, e todos os Anjos da Guarda pertencem a este Coro, sem exceção. O percebemos de modo melhor pela audição. Eles compreendem perfeitamente tudo o que é terrestre, os fenômenos da Vida sobre a terra, as individualidades humanas e suas necessidades. São estes Anjos que nos falam, admoestam, que conosco e para nós, adoram, cantam e louvam diante do Trono de Deus. Em particular eles estão reunidos em sete grandes domínios de Maria. Maria dá a cada um deles, correspondente ao seu domínio, à orientação sobre a maneira de conduzir o seu protegido mais facilmente ao encontro de Deus.

O Senhor ordenou admiravelmente os serviços dos Anjos e homens. Incluiu a humanidade na obra confiada aos Anjos e pôs o trabalho dos homens debaixo da proteção dos Anjos.

Na Criação é o mais elevado reflexo meramente espiritual do incompreensível Amor, que incessantemente brota do Coração de Deus.