COMO CONFESSAR BEM - EXAME DE CONSCIÊNCIA


Seis atos necessários para uma boa confissão: 
1) Oração ao Espírito Santo.
2) Exame de consciência.
3) Arrependimento sincero dos pecados.
4) Firme propósito de emenda.
5) Acusação dos pecados ao sacerdote.
6) Cumprimento da penitência imposta.
 
Vamos explicar um por um esses seis passos.
 
1) Oração ao Espírito Santo. 
Sem as luzes do Espírito Santo nosso exame de consciência será falho e imperfeito, e nosso arrependimento deixará muito a desejar. A noção de pecado está diretamente ligada à noção que se tem da bondade e da grandiosidade de Deus. Quanto mais conhecemos o Amor, mais saberemos e buscaremos o que lhe agrada. Faça a seguinte oração:
"Vinde Espírito Santo, enchei o meu coração com a vossa luz e com a vossa graça, e acendei nele o fogo do vosso amor. Enviai, ó Deus, o vosso Espírito, e tudo será criado, e renovareis o meu coração.
Ó Deus, que iluminastes o coração dos vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo, dai-me pelo mesmo Espírito o conhecimento e um profundo arrependimento dos meus pecados, para que eu possa gozar sempre de suas infinitas consolações. Amém." (Reze uma Ave-Maria)
 
2) Exame de consciência. 
Procure um recanto tranqüilo e ali, em silêncio, examine calmamente a sua vida, desde a última confissão, percorrendo principalmente os 10 mandamentos.
Depois de lido este opúsculo, se perceber que nunca fez uma boa confissão, então faça uma confissão geral de toda a sua vida.
Alguns pontos para ajudá-lo no seu exame de consciência: 
  
 a) 1º mandamento: Amar a Deus sobre todas as coisas
 
Tenho procurado conhecer bem a minha fé? (O melhor meio para isso é ler e estudar o Catecismo da Igreja Católica). Como está minha confiança em Deus, minha participação na Eucaristia, minha devoção a Nossa Senhora? Tenho acreditado em horóscopos, cartomantes, e outras superstições semelhantes? Tenho participado de sessões espíritas (mesa branca ou terreiro)? (o que é um pecado de idolatria: não se pode acender uma vela para Deus e outra para o diabo). Tenho participado de religiões pagãs (Seicho-No-Iê, Budismo, Igreja Messiânica...) ou práticas pagãs como projeciologia, Reiki, Yoga, meditação transcendental, enfim, tudo o que exalta o ego e esquece o seu Criador? Participo de sociedades secretas que professam um deus indefinido ou impessoal, que favorece o relativismo ou o indiferentismo religioso, ou me simpatizo com elas? Tenho me conformado com a vontade de Deus nas provações, sofrimentos e cruzes da vida? Tenho sido fiel às minhas orações diárias (o santo terço, as orações da manhã e da noite)?
 
b) 2º mandamento: Não tomar o seu santo nome em vão
 
Tenho blasfemado? Tenho jurado falso? Tenho contado ou participado de piadas ou conversas fúteis que envolvem o Santo Nome de Deus? Nas minhas confissões tenho calado, por medo ou vergonha, algum pecado grave? (Isso além de tornar a confissão inválida, é um pecado grave - sacrilégio). Tenho feito promessas e não cumprido? Tenho cumprido o meu dever de pagar o DÍZIMO?
 
c) 3º mandamento: Guardar os domingos e dias de preceito
 
Tenho participado de missa inteira aos domingos (Dominica = Dia do Senhor, o próprio nome já designa sua natureza e razão de existir) e dias santos? (Nesses dias não se pode trabalhar sem necessidade, fazer negócios, etc. e é obrigatória a participação na Santa Missa, a não ser em caso de doença. Se você é patrão, lembre-se de que seus empregados e operários devem participar da Santa Missa e têm direito ao descanso dominical). A Santa Missa pela TV só tem valor em caso de doença ou outro impedimento sério.
 
d) 4º mandamento: Honrar pai e mãe
 
Tenho obedecido com amor meus pais? Tenho lhes dado aborrecimentos e desgostos? (Lembre-se que desgostos e aborrecimentos podem encurtar-lhes a vida, e você será responsável por isso). Tenho lhes demonstrado gratidão pelo modo respeitoso e carinhoso com que os trato? Tenho ajudado a meus pais idosos ou doentes? (O próprio Senhor garante: "Aquele que respeita o seu pai obtém o perdão dos pecados, e o que honra a sua mãe é como quem ajunta um tesouro" (Eclo. 3,3). Como tem sido a minha convivência com meus irmãos em matéria de harmonia, paz e amor fraterno? Ou tenho provocado brigas e desarmonias?
 
e) 5º mandamento: Não matar
 
Tenho alimentado ódios ou desejos de vingança contra o próximo? Desejei a morte de alguém? Feri o próximo ou cometi crime de morte? Omiti socorro a alguém que estava em perigo de morte? (doença, acidente...) Pratiquei aborto, aconselhei alguém a fazê-lo ou me posicionei favorável a ele? Mutilei-me para evitar filhos? (vasectomia, laqueadura...)
 
f) 6º mandamento: Não pecar contra a castidade
 
Tenho mantido relação sexual com alguém fora do casamento? Tenho namorado ou noivado de modo pecaminoso (abraços, beijos e toques sensuais). Tenho me masturbado? Tenho alimentado pensamentos e fantasias sexuais com plena advertência e consentimento? Considero o sexo coisa vil, suja e má? (Sendo obra de Deus, o sexo é por natureza bom e santo. O mal está na vontade pervertida, no abuso ou no seu uso fora da lei de Deus. Nunca esqueçamos: a sensualidade é um monstro adormecido. Se o acordamos, ele nos devora)
 
g) 7º mandamento: Não furtar
 
Tenho me apropriado indevidamente de qualquer objeto alheio? Tenho procurado enganar o próximo em negócios? Recusado a pagar dívidas? Tenho explorado o empregado pagando-lhe um salário de fome? Se sou empregado, tenho cumprido honestamente os meus deveres? Tenho devolvido os objetos que me foram emprestados? Tenho adquirido bens de origem duvidosa?
 
h) 8º mandamento: Não levantar falso testemunho
 
Tenho caluniado alguém? Falado mal dos outros? Guardo bem os segredos a mim confiados? Tenho sido mentiroso, indiscreto ou maldoso, prejudicando a honra do meu próximo por palavras ou ações? Tenho jurado ou testemunhado falsamente contra meu próximo em juízo ou fora dele? Tenho amado e praticado a verdade em qualquer circunstância? "Seja o vosso falar SIM, se é sim; e NÃO, se é não. O que passar daí vem do Maligno." (Mt 5,37)
 
i) 9º mandamento: Não desejar a mulher do próximo
 
Tenho cometido adultério por atos, pensamentos e desejos consentidos? Tenho olhado com malícia para o corpo da mulher, desejando consentidamente fazer sexo com ela? (o mandamento fala de "desejar a mulher", mas a mulher "desejar o homem" é a mesma coisa.)
 
j) 10º mandamento: Não cobiçar as coisas alheias
 
Tenho me contentado com aquilo que possuo? Tenho alimentado inveja de alguém que possui mais do que eu? (é lícito e até necessário esforçar-se por progredir, mas com tranqüilidade e paz, sem ambição. Há invejosos que chegam a desejar toda a espécie de males e prejuízos para o seu próximo que está prosperando, principalmente quando é da mesma esfera social).
 
Aí está um esboço de exame de consciência. Não é tudo. Há muito ainda a acrescentar. Mas já é um começo. Caso você tenha dúvida se uma ação ou pensamento é pecado, consulte o padre na hora da confissão.
 
3) Arrependimento sincero dos pecados (contrição) 
O arrependimento é essencial para a validade da confissão. Sem ele, não há perdão. E quando se diz arrependimento, não quer dizer sensiblidade: sentir, chorar, etc. Há verdadeiro arrependimento quando o pecador está sinceramente decidido a não continuar pecando, quando há um verdadeiro propósito de emenda por amor a Deus. Embora não seja essencial procure excitar em você um arrependimento sensível. Leia com atenção o Capítulo IV: O QUE É PECADO? Que vai lhe ajudar muito neste ponto.
Não faça confusão entre arrependimento e remorso; há muita diferença entre um e outro. Arrependimento é o sentimento de dor por haver ofendido a um Deus tão bom; remorso é a inquietação da consciência pelo pecado cometido, um tormento interior que não deixa em paz o pecador. O primeiro causa paz, o segundo aflição.
 
4) Firme propósito de emenda 
Lembre-se de que você não está confessando com um homem, mas com Deus. O padre é um simples representante para lhe dar o perdão em nome de Deus. Deus está vendo o seu coração. Se você não estiver decidido a romper com o seu pecado, você não terá perdão, mesmo que o sacerdote o absolva. Você pode enganar o padre, mas a Deus não.
 
5) Acusação dos pecados ao sacerdote 
Confesse agora os seus pecados, sem enfeitar, sem se desculpar, sem rodeios, sem acusar ninguém. Você vai confessar os seus pecados, não os dos outros. Sobretudo, não esconda nenhum pecado, por mais feio que ele seja. Já que você não teve vergonha de pecar, não tenha agora vergonha de se confessar. Se você ocultar um pecado, por medo ou por vergonha, sua confissão será inválida, será mesmo sacrílega. Não só não terá o perdão dos pecados, como ainda acrescentará a eles mais um, e bem mais grave.
Quantas vezes você, mulher, comentou suas intimidades com suas amigas num salão de beleza; ou você, homem, o fez com seus amigos numa mesa de bar? E você tem resistência em declarar os seus pecados Àquele que já os conhece, para receber o perdão através do sacerdote, seu legítimo representante?
 
6) Cumprimento da penitência imposta 
Terminada a sua acusação, o padre lhe dará alguns conselhos e palavras de encorajamento, absolvê-lo-á de seus pecados e lhe imporá uma penitência, que você deve cumprir logo em seguida ou o quanto antes.
Antes de absolvê-lo, o padre lhe pedirá que faça o "ato de contrição" que você pode fazer espontaneamente com suas próprias palavras. Nesse ato, você dirá ao Senhor que está sinceramente arrependido de seus pecados, por ter ofendido a um Deus tão bom a quem você prometerá fazer tudo para não pecar mais e pedirá perdão dos seus pecados. Aqui vai um modelo como simples sugestão:
Ó Jesus que tanto me amas! Com meus pecados te ofendi. Perdão, Senhor, perdão! Não quero pecar mais. É grande a minha fraqueza, mas ajuda-me com a tua graça!
Recapitulando:
Ao apresentar-se ao sacerdote, diga-lhe: "Padre, dai-me a vossa bênção porque pequei!" Em seguida, diga-lhe a sua profissão, estado de vida (solteiro, casado, viúvo... etc.), e quando foi a sua última confissão. Feito isso, acuse humildemente todos os seus pecados, a começar pelos mais graves, citando o número deles e as circunstâncias em que foram cometidos. É recomendável que se confessem também os pecados veniais.
Este sacramento, como todos os demais, é uma verdadeira ação litúrgica, e como tal deve ser celebrado. Conforme o Catecismo da Igreja Católica (n.º 1480), são ordinariamente elementos da celebração os seguintes: saudação e bênção do sacerdote, leitura da Palavra de Deus para iluminar a consciência e excitar a contrição, exortação ao arrependimento; confissão que reconhece os pecados e os declara ao sacerdote; imposição e aceitação da penitência; absolvição do sacerdote; louvor de ação de graças e despedida com a bênção do sacerdote.